Dói tanto

"Frio, amargo, escuro... É assim que tenho o coração,
Com nódoas negras,
São as marcas da vida,
Vivida sem noção.

      *              *

O desespero da tristeza,
Os escassos feijões de alegria,
O sorriso de sufoco,
Um olhar cheio de verdade.

      *              *

Escondo-me do mundo,
Fujo da verdadeira realidade,
Olho bem no fundo...
E procuro um resto de felicidade.

     *              *

Luto para não desistir,
Mas, o coração não manda
No que a cabeça pensa,
E tudo isto porque por mim,
Quase ninguém dá nada."

Impossível

Eu gosto do impossível,

Tenho medo do provável,

Rio-me do ridículo e

Choro porque tenho vontade,

Mas nem sempre tenho motivo.

         *                            *

Tenho um sorriso confiante

Que as vezes não demonstra o

Tanto de insegurança por trás dele.

Sou inconstante e talvez imprevissivel.

Não gosto de rotina.

Eu amo de verdade aquele para quem eu

Digo isso,

E me irrito de forma inexplicável

Quando não acreditam na minhas palavras.

Nem sempre coloco em prática

Aquilo que eu julgo certo.

São poucas as pessoas para

Quem eu me explico...

Ás vezes

As vezes sou poeira nas margens da vida,
As vezes, rastilho de amores e paixão
As vezes sou frágil... Outras destemida
As vezes sou sim... Outras vezes, sou não.

As vezes feneço... Outras vezes renasço
As vezes caminho, sem medo no escuro
As vezes sou livre... Outras, só um pedaço
Do muito que sei que sou e procuro.

As vezes sou mingua e noutras, sobejo
E entre ambas não sei se sou coisa alguma
As vezes sou o excesso daquilo que desejo
Outras vezes, o raio que desfaz a bruma.

As vezes sou o eco sumido dos passos
Que dou sem saber a que lugar pertenço
Outras vezes, o poldro fugindo aos laços

E tantas vezes, loucura ao invés de bom-senso...

Eu sou assim!

Não me torturem mais... Eu sou assim!

Nem creiam que possa, vir a ser diferente...

Há quem nasça p'ra ser dez réis de gente

Eu nasci á mingua de um amor, sem fim!

Não bradem... Nem tenham dó de mim!

A ignomínia na terra, não é ser indigente...

É passar pela vida, alienada, indiferente

E não valer mais do que pó num jardim!

Eu não sou daqui, não! Trago sede de viver!

Quero maior, o Amor, mais firme o querer...

Porque a morte não espera e é fria e possante.

Sou, talvez, de outra galáxia...

De outra era...

Trago no corpo o desejo e na Alma a quimera

Mas sou mulher de verdade,

arrojada e vibrante!

Aquilo...

Aquilo que eu sei
Mas nunca digo,
Aquilo que eu sou
Mas não pareço,
Aquilo que me chama
E só eu conheço,
Aquilo que me empurra
Se não prossigo.

Aquilo que é presente
E nunca esqueço,
Aquilo que me engradece
E inebria,
Aquilo que só a mim
Se me anuncia,
Aquilo que me encanta
E eu não impeço.

Aquilo que em excesso
Me denuncia,
Aquilo que em carência
Me ofusca o brilho,
Aquilo que é tão diferente
No meu trilho,
E quem faz tremer
Em cada dia.

Aquilo que me alvitram
Com empecilho
E sem pudor cobiçam
Á exaustão,
Aquilo a que em verdade
Não digo não,
Aquilo que é tão meu
Como é um filho.

Aquilo que em mim é risco
E remissão,
Aquilo que é genuino
E inevitável,
Aquilo que por ser basto
Me torna instável,
Aquilo que é tão só querença
Vida e Paixão!

Eu quero ser,

Simplesmente ser...

A fénix sublime

Que persiste em voar

Para lá da distância,

Para lá do querer

Onde os olhos se perdem,

No deleite de olhar...

Eu quero ser,

Simplesmente ser...

A força excelsa

Que ainda anseia criar

A poção para a vida

Que a saiba merecer

Antes que a morte venha,

Para a resgatar...

Ah! Eu quero ser,

Simplesmente, ser...

Na beleza de um sorriso,

Mel puro e inebriante

No calor ébrio de um beijo,

Uma explosão de prazer

E nesta vida sem chama,

A paixão mais vibrante!

Eu quero ser....!